Poema para o Jubileu de Ouro de Madre Gema
Cinqüenta anos... Que belo
este belo jubileu!
pois quem viveu no Carmelo
já no céu é que viveu.
Com o jubileu da Igreja o de Gema se confunde:
que Deus a ambas proteja,
com as mesmas graças inunde!
Entre as claras irmãs, Gema
hoje de ouro se coroa.
E que vale um pobre poema,
quando Deus é que abençoa?
Sobe ao céu áurea fumaça...
Tanto incenso consumido!
Mas se o sofrimento passa,
jamais passa o ter sofrido.
Dom Marcos Barbosa O.S.B
(1974)
Na morte de Madre Gema
Eu vi a pétala desfolhar.
Eu te vi, Madre Gema, acabar.
Eu te conheci frágil, silenciosa a doar
a tua vida, conscientemente, no altar.
Atrás do teu corpo cansado
e entrando por teu brilhante olhar,
eu percebi o caminho andado
no despojamento de quem sabe amar.
Tua vida, externamente, se acabava,
frágil rosa que o vento balançava,
apoiada nas Irmãs sempre andava,
com amor, aos médicos, se entregava.
Frágeis paredes do castelo carmelita
ruíam, aos pedaços, dia a dia,
sustentados pela força do amor, infinita,
que teu espírito, profunda moradia,
construiu na lenta, dolorosa sabedoria
de Teresa, a Mãe, doutora e guia.
As palavras que de ti eu escutei
me deixaram claramente perceber
a profundidade silenciosa do querer
ser MAIS. Do teu coração, o “sim, irei”.
Palavras sem nenhuma força física,
palavras clarividentes de quem sente
a Palavra, o Cristo eterna música,
acorde trinitário , sempre presente.
Não murchastes, não, Madre Gema.
Murcha quem não acredita na vida,
para quem a morte fatalidade suscita,
e não para ti, rosa divina,
para quem, morrer e ressuscitar era lema.
Não te perdemos. Nós ganhamos
mais uma testemunha da opção
cristã, radical, séria da Ressurreição
garantia para nós que tentamos
seguir-te, no Cristo, nosso irmão.
Tua alma, como pássaro, escapou
do laço frágil e sutil do caçador.
Rompeu-se a rede. Ela encontrou
o corpo novo, identificado no amor.
Agora que te sentes plenamente expressada
e atraída pelo PAI, no Cristo, o Senhor,
compreendes que a hora é chegada
de viver o face a face de Deus, que é AMOR.
Pe. Lino Carrera, S.J.
Porto Alegre, 12.2.1977