Meu sonho é desfolhar-me aos poucos, lentamente,
Sentir no coração a dor defenecer...
Jesus, se vos apraz, deixai-me humildemente
Chorar de cada pétala o lento desprender.
Não sonho em minha vida o amor que alegremente
Em plena juventude a palma vai colher!
Eu quero o amor unido à dor que é mais pungente,
A dor da humilhação: murchar, depois morrer!...
A pétala descorada é a lágrima da flor
Tombando silenciosa e triste como a dor!
Minh'alma é a flor que chora, o pranto a deslisar.
É a pétala que resvala aos poucos, silenciosa...
Quem foi jamais contar as pétalas duma rosa?
Jesus, meu sonho, é como a flor me desfolhar!
Obs.: No original, Madre Gema usa sempre a grafia "pét'ala", para que seus versos sejam rigorosamente alexandrinos. Achamos que tal zelo não agradaria ao leitor moderno.