Cura de um jovem seminarista de Lisieux, vítima de tuberculose pulmonar no último ano de seus estudos.
Primeiro milagre de santa Teresinha reconhecido pela Santa Sé, 1906
No dia 11 de fevereiro de 1906, um Decreto Pontifício, promulgado solenemente, na presença de Sua Santidade Pio XI, na Sala do Consistório, no Vaticano, declarava a autenticidade da cura milagrosa do seminarista Charles Anne, vítima de tuberculose aguda; cura atribuída à intercessão da Irmã Teresa do Menino Jesus. Este milagre teria um grande peso para a canonização da futura santa.
Seminarista da diocese de Bayeux e Lisieux, Charles Anne foi acometido, em 1905 por fortes hemoptises, a princípio escondidas, devido ao receio de ser forçado a interromper seus estudos. Contudo, após um ano, no dia 24 de agosto de 1906, prostrado pela febre, consultou-se com o Dr. La Néele * , de Lisieux, que avaliou sua situação como gravíssima.
Poucos dias depois, a enfermidade, que chegava ao seu último estágio, mostrou-se fulminante: febres intensas, falta de ar, expectoração abundante. Tratava-se mesmo de uma tísica galopante. No dia 1o. de setembro, freqüentes hemorragias agravaram o quadro da doença.
Exatamente neste dia ele terminava uma novena a Nossa Senhora de Lourdes, na qual acrescentara uma súplica à Irmã Teresa do Menino Jesus, cuja relíquia trazia consigo. Mas nenhuma melhora se observava. "Então, conta o jovem curado, a lembrança de Teresa me veio ao coração, a frase que marcou sua grande alma me encheu de uma confiança indescritível: "Passarei o meu céu fazendo o bem sobre a terra". Eu aprendera com ela a oferecer minha vida em sacrifício, mas ainda não estava decido a fazê-lo. Apeguei-me à palavra da jovem Carmelita: Ela estava no céu! Oh, sim, era certo! Eu estava sobre a terra e sofria. Iria morrer. Com tanto bem a ser feito, era preciso que alguém o fizesse. Apertando fortemente a querida relíquia em meu peito, rezava à santinha com tanta intensidade que pela sinceridade desses esforços em favor da vida, eles deveriam causar-me a morte.
Comecei uma segunda novena, dirigida exclusivamente à Santa, no dia 2 de setembro, com a promessa de publicar a graça recebida, se ela me curasse.
No dia seguinte, subitamente a febre baixou. O médico deu por terminado o tratamento. Não havia o menor sinal de cavidades pulmonares, a falta de ar também terminara, voltando assim o apetite. Foi uma cura total, absolutamente extraordinária e cientificamente inexplicável".
Santa Teresa do Menino Jesus, fiel a sua missão apostólica, dava mais um padre à Igreja. Pe. Charles Anne se dispôs a testemunhar no Processo de Beatificação e ofereceu uma de suas primeiras missas para suplicar a agilização do mesmo processo.
Desde então, sua saúde, cada vez mais robusta, permitiu-lhe exercer, de forma incansável, operoso ministério como Pároco, e, mais tarde, como capelão do Hospital Geral de Lisieux.
(Tradução livre, do livro "Pluie de Roses", Lisieux, 1928, p. 147-151)
* Certamente trata-se do Dr. Francis La Néele, esposo de Joana Guérin, prima de Santa Teresinha. Ele já havia acompanhado durante dois anos, através de visitas esporádicas, a enfermidade de nossa santinha e reconheceu os seus restos mortais, quando de sua exumação aos 6 de setembro de 1910. (Nota do tradutor)