Discernimento das Vocações

A “Ratio Institutionis Monialium OCD”, documento que trata da formação das Monjas no Carmelo Teresiano, no capítulo IV aborda a questão do  discernimento vocacional. O que segue é um breve resumo deste capítulo:

Discernir é verificar a vontade de Deus sobre uma pessoa, “deixar-se conduzir por Deus”. Este discernimento envolve tanto a irmã formanda como as que a acolhem. Toda vocação será encaminhada atentamente com realismo e fé a partir do itinerário da pessoa, de seus desejos e de suas aptidões. (n. 44)

Todo o processo de discernimento, desde os primeiros contatos até a profissão solene, está iluminado pelo critério evangélico dos “bons frutos” de vida e de amor que a orientação para o Carmelo e sua integração progressiva posterior produzem na pessoa. (n. 46)

Quem discerne?

A Priora e a Mestra de noviças colaboram com clareza e confiança para fazer um verdadeiro discernimento livre de todo interesse, paixão ou inquietação. Enquanto acompanhante espiritual,  a Mestra  tem um lugar privilegiado para avaliar as disposições profundas das irmãs que lhe foram confiadas. Porém, esta servir-se-á também das luzes que a Comunidade pode oferecer-lhe, especialmente através das irmãs que tratam mais de perto com as  formandas. (n. 47)

Em primeiro lugar, é a candidata mesma que se questiona diante de Deus se foi chamada à vida carmelitana. Tomará sua decisão em cada etapa, depois de ter refletido seriamente sobre as responsabilidade e os compromissos que a passagem implica. Para receber ajuda em seu discernimento pessoal, abrir-se-á com simplicidade e verdade àqueles que a podem ajudar a fazer uma escolha livre e correta. (n. 49)

Critérios de Discernimento

Critérios positivos comuns: saúde física e psíquica suficientes; afetividade sadia; estima da própria feminilidade e aceitação real da sexualidade para escolher livremente o celibato consagrado; qualidades básicas para a vida de Comunidade (retidão, fidelidade à palavra dada, respeito aos outros, etc...); critério reto; inteligência aberta, apta para receber uma formação que não seja dominada pela afetividade ou pela imaginação. (n. 51)

Critérios Carmelitanos

Amor à vida de oração, que implica certas escolhas neste sentido, perseverança, regularidade. Relação pessoal com Cristo, com o Pai, com o Espírito Santo e não somente inclinação afetiva para o sentimento religioso;  amor à Palavra de Deus,  gosto em estudá-la, compreendê-la; zelo apostólico verdadeiro, verificado pelo empenho na intercessão real para com o mundo, a Comunidade, a Igreja; amor à Igreja; amor e capacidade de silêncio e solidão para escutar, para estar com Cristo e não para fugir dos outros ou do combate da vida profissional ou apostólica; desejo de uma vida fraterna e capacidade de viver a amizade, sem excessiva busca de calor e segurança; vida mariana profunda e ao mesmo tempo discreta, como a viveram nossos santos; amor à vida oculta, retiro do mundo, capacidade de afastamento sem ruptura com a família e com os amigos, simplicidade de uma vida de deserto sem compensações relacionais, culturais e artísticas; amor ao Carmelo; amor aos nossos santos; idoneidade para comprometer-se com os três votos; capacidade de “andar na verdade”. (n. 52)

Critérios negativos  

Em certos casos, o discernimento exige recorrer a especialistas, que ajudem a candidata a confrontar os elementos conscientes e inconscientes de suas motivações. Procurar-se-á escolher psicólogos competentes e que respeitem as realidades da fé e da vocação (n. 54); antes do ingresso, é preciso assegurar-se de que o desejo do Carmelo não provém de medo do casamento ou da maternidade, de pressões familiares ou sociais. Um bom conhecimento dos antecedentes da candidata ajudará a compreender seu itinerário  e a conhecer seu ambiente familiar e cultural. É recomendável informar-se da opinião que dela tem as pessoas que compartilham sua vida diária; durante as etapas de formação descobrir-se-ão logo as tendências negativas da candidata para a vida claustral do Carmelo, entre as quais, imaturidade afetiva persistente, que se manifesta em apegos passionais ou rejeições insuperáveis e falsa solidão para isolar-se dos demais e proteger sua tranqüilidade (n. 56).

Quando o discernimento orienta-se para uma conclusão negativa durante as etapas de formação, é preciso ajudar a irmã a renunciar a seu desejo de viver no Carmelo e a discernir se não seria chamada a outra forma de vida consagrada, religiosa ou secular. (n. 57)

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